9 de abr. de 2009

Já que não me comprou, me diga o porque!

Com certeza toda pessoa que tem uma vida ativa já passou por isso, e algumas com certeza passaram por mais vezes. Entrevistas de emprego podem ser algo cansativo e muitas vezes engraçado, você vê de tudo e conhece muita gente também. A rotina às vezes pode levar a desistência, achar que não vai sair nada daquele mato, que todos os coelhos correram com a seca que chega junto à crise.
Boa tarde!
Preenche isso aqui?
Já falo contigo!
Espera só um minutinho!
Fale-me de você...
Como veio parar aqui?
Sua experiência profissional...
Por que você?

Sempre as mesmas perguntas, em qualquer empresa você parece estar fazendo à mesma entrevista. Com uma regra para se conhecer as pessoas, mais parece que pensaram em um padrão, pode ate ser um para o comportamento interno da empresa em questão, mas acho que para analisar as pessoas, teriam que ter algo mais alem do que se vê e encontra por ai hoje em dia.
Em alguns lugares pare que o entrevistador não esta preparado, pode ser a impressão que eles queriam dar, mas você fica se pergunta como ele pode estar do outro lado do balcão se você se sente mais preparado do que ele. Mas depois de tantas repetições fica tão artificial, que tudo parece decorado, as pessoas parecem ter um repertorio e deixam de lado a espontaneidade, a sua personalidade. A preocupação de agradar, de acertar, de falar o que as pessoas querem ouvir deixa a duvida do que realmente são, e a convivência, no dia a dia não se consegue manter.
E se vender como uma mercadoria ou objeto, às vezes parece tão surreal que o objetivo da entrevista fica subtendido, e fica mais evidente a cada dia que um rostinho bonito não convence mais do que a capacidade. Se eu sou capaz de me vender em busca de uma vaga numa empresa, posso vender qualquer coisa, e todos se vendem literalmente.
Após todo esse processo cansativo de entrevistas, onde esperar por um longo tempo parece parte do pacote, a ansiedade parece deixar os minutos de espera mais longos do que o habitual, que faz com que a lei da relatividade se confirme. Longos diálogos que faz com que você implore mentalmente por um copo de água, e as pessoas não se lembra que o clima seco de Brasília, por exemplo, exige hidratação total. O nervosismo faz com que sua boca seque, suas mãos fiquem frias, a barriga doe e seu corpo sue como uma chaleira, mas mesmo assim você insiste em fazer cara de paisagem como ninguém percebesse sua tensão.
Alguns sacodem as pernas, outros têm cacoetes como coçar o rosto, mexer no cabelo e surgem gírias, e vícios de linguagens. E vários pedidos de desculpas e mais desculpas, e outras pessoas esperando a sua vez de falar, e enquanto isso vai pensando no que dizer, e enquanto um é sabatinado pensar nas prováveis respostas daquela mesma pergunta e de praxe surgem novas perguntas, e algumas outras são esquecidas. E vem a neurose, pensar que não gostaram de você porque não perguntaram o mesmo para o outro e comum. E o processo de tortura não para por ai, a espera da resposta é o pior, pois falam que vão ligar, e os dias não passam e quando passar bate um fiozinho de tristeza que não pode se explicar.
O retorno do feedback é tão importante quando a noticia da sua seleção, quando alguém te informa que você não foi escolhido e te deseja uma boa sorte, e tão gratificante que a tranqüilidade volta, e o melhor é quando apontam os pontos de melhoria, para que você corrija seus erros e vá melhor preparado para uma próxima oportunidade. O respeito deveria ser primordial, e demonstrar para uma pessoa que se dispôs a ir, esperar, e se submeter dinâmicas de grupos, onde fazemos algo que jamais faríamos em qualquer outra situação, creio que essas pessoas mereçam um pouco mais de atenção.
E segurem seus empregos quem os tem, pois a fila em busca de uma nova oportunidade parece não parar de crescer, enquanto as estatísticas dizem o contrario o que vemos é uma busca desesperada por uma recolocação no mercado. Mas vamos esperar que mude o conceito de que “o poder esta no caixa”, e os que estão em posição de escolher e dar ordens aprenda que todo ser humano merece ser tratados com dignidade. Não que tenha presenciado alguma situação constrangedora, mas a falta de atenção parece demonstrar que, só merecemos ser bem tratados quando servimos e depois tanto faz.

Um comentário:

rogerio disse...

muito esclarecedor, parabéns.