18 de abr. de 2009

Assim como o café da manhã

Eu falo muito, sempre falei tanto que desde criança meus pais ouviam reclamações na escola, não fui um pestinha, longe de mim dar trabalho aos outros, era mais de ajudar, essa parte espoleta foi toda para meu irmão mais velho que eu. Acho que nasci falando, enquanto o medico cuidava da minha mãe, eu batia um papo com as enfermeiras, e não sei se esta escrito na minha testa, mas todo mundo que conheço logo conta todas as suas intimidades, de praxe querem saber da minha, mas a minha fica entre quatro paredes, melhor assim.

E sempre que estou entre amigos e desconhecidos, muita dessas vezes estamos em algum lugar, bar ou festa e estamos bebendo e jogando conversa fora, papo vai papo vem a conversa sempre insiste em cair no tema sexo. Não entendo como, mas sempre terminamos por falar no assunto, e por incrível que pareça, rende, mas rende muito e se estende por horas. Acho que não estou contando nenhuma novidade pra quem esta lendo isso aqui, pois pelo que sei e imagino com todos é do mesmo jeito, mas não sei se com vocês é como se fosse o expert, o sexólogo da turma o tira duvidas. Numa dessas conversas, uma tia, é assim que a chama, pois adoto todos por algum grau de parentesco, então essa tia me pergunta o que é “Café com leite e pão na chapa!”, seguido de um engasgo com um gole de cerveja, depois de muitas gargalhadas veio à resposta, “Ahm?!”.
Sim! AHM!? Não fazia idéia do que estava ouvindo, e não faço até hoje. E virou uma mesa redonda, onde tentávamos entrar em um senso comum do que se tratava aquela expressão, mas não conseguimos. Essa pergunta não é o foco hoje, queria entender por que esse assunto é fascinante, sei um motivo, acho que pelo fato de ser bom, mas muito boa a pratica dele, mas o assunto envolve as pessoas. Ate o mais recatado, o tímido aquele que não se pronuncia em momento algum, fica ali inerte, imóvel, mas atento a todos os detalhes. E como ele consegue empolgar as pessoas, se você estiver num bar ou festa, e por acaso ver muita gente reunida e gargalhando, pode ter certeza que se trata de sexo, principalmente quando todos são do mesmo sexo, ou preferência, pois muitas mulheres e gays juntos e certeiro o assunto.
O álcool ajuda muito nessa parte, embala as pessoas, e todos flutuam na conversa como anjos sedentos de informações, pois a troca de experiências e informações e constante, não me canso de ouvir um, “Como é que é?”, ou “Como faz isso?”, e “Me explica isso!”.
O temo no contexto escolar é chato, é obvio pelo fato de como ele é abordado. Uma professora que se porta a detalhes, as percentual, a estatísticas não poderia envolver adolescentes dessa forma. Lembro-me da primeira vez que tive aula de educação sexual, não foi a primeira, mas é a que me lembro, com uma professora maravilhosa da oitava série, que tratava os alunos de igual para igual e era seu ultimo ano lecionando.
Primeiro vimos uma animação onde as pessoas falavam abertamente do assunto, com expressões usadas no nosso dia-a-dia, era muito engraçado eu ate aquele dia não sabia o que era uma camisinha, já tinha visto, mas achava que eram bexigas. Depois a professora me aparece com uma banana, e nos mostra como colocar a camisinha, foi à situação mais engraçada e mais intimidante que tive na minha vida, sim ate mais que na minha primeira experiência sexual. A timidez que senti ao ver aquilo foi tamanha que meu rosto esquentou, não entendo o porquê, mas acho que era como compartilhar minha intimidade com todos ali naquela sala, e hoje entendo o porquê muitos preferem não ter essas aulas.
Mas compartilhar experiências, e ouvir a dos outros é ótimo, assim como a masturbação que nos ensina os caminhos do prazer em nosso corpo, esses papos nos mostram novas situações, novas experiências que às vezes pode agregar muito para uma vida a dois. Não pretendo de forma alguma deixar de falar sobre isso com meus amigos, sim amigos, pois não é exclusividade das mulheres não, os homens falam muito sobre, e comigo é diferente, as duvidas são varias, e varias vezes me sinto sabatinado por todos, bombardeios de perguntas e olhares atentos, pois é o mundo novo no qual eles não fazem idéia de como seja.
E não me acanho em deixar claro que gosto de falar sobre isso, não que seja um exímio praticante, ou o Dr. Sexo, mas que gosto de saber sobre, e tudo para mim é novo sempre. Gosto de me divertir, e sei que onde se fala sobre as gargalhadas são garantidas, seja a dois, ou com vinte pessoas. Calma, não estou falando da pratica, pois ai já viraria uma bagunça sem fim, que so o Kama sutra nos explicaria, mas sim de muita gente, e conversa alta e boas risadas. Pois assim como a arte o povo precisa de sexo, pois ate em períodos de crise, e guerras não param de nascer pimpolhos, então fica evidente que mesmo em crises a pratica não é deixada de lado de forma alguma, imagina falar sobre. E assim como fazer, falar tem que ser consciente, e em momento algum esquecer que preservativo e essencial, assim como o café com leite e pão quentinho no café da manã.

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